Leopoldo López foi, até Fevereiro de 2014, um dos principais dirigentes da oposição democrática venezuelana. Enquanto participava numa manifestação pacífica, foi detido sob acusações forjadas. Esteve preso mais de um ano sem que qualquer julgamento tivesse lugar. Sem direito a receber familiares. Sem acesso a serviços religiosos da sua Fé. Em Setembro deste ano, foi condenado a mais treze anos de encarceramento, sob os protestos da Amnistia Internacional.


López é, em tudo, um preso político. Como ele, há dezenas na Venezuela. Como Geraldín Moreno, uma estudante baleada pela polícia durante uma manifestação pacífica. Como Marvinia Jímenez, detida por filmar um caso de brutalidade policial. Como John Fernández, de apenas 16 anos, cegado por uma bala de borracha. Como Rosmit Mantilla, encarcerada por defender os direitos humanos. Como Maria Corina Machado, suspensa do seu mandato parlamentar. Como Daniel Quintero, imolado pelo fogo sob a custódia das forças policiais venezuelanas. 

Luaty Beirão merece a nossa solidariedade. Leopoldo López também. Nenhum dos dois merece a indignidade de ser invocado por um partido - o Bloco de Esquerda - que lamentou a morte de Hugo Chávez, saudando-o porque, "enquanto que na Europa a democracia está a falhar, na Venezuela a democracia participativa tornou-se num sinal de identidade" (sic). Não há democracia onde há prisões arbitrárias e assassinatos discricionários. Não há presos políticos de primeira e de segunda. Não há honra no oportunismo do Bloco de Esquerda. Não haverá perdão para o nosso silêncio.