Hoje, Portugal comemorou, uma vez mais, a Revolução que libertou o País de um regime autoritário e opressivo que, durante 48 anos, o subjugou. A descarada e totalmente despudorada complacência com o cartelismo económico, a promoção de um crescimento estéril assente no investimento estatal e nas grandes obras públicas, a tímida aposta na qualificação profissional e, obviamente, os atentados à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa deixaram na Nação marcas profundas que, quase 40 anos volvidos, ainda são visíveis. Quase 40 anos volvidos, continuam também a ouvir-se as aguerridas reivindicações dos que, apesar de empenhados na abolição do direito à propriedade, se afirmam, com despudorada insistência, donos desta Revolução. Não, o 25 de Abril não se fez para deleite dos 290.000 votantes do Bloco nem para regozijo dos 440.000 eleitores da CDU. Fez-se para que todos os Portugueses pudessem ser verdadeiramente livres. Livres de se expressarem sem terem como destino um Gulag, livres de investir e criar empregos sem temer a expropriação, livres de se destacarem pelo esforço e pelo trabalho, sem temer o esbulho fiscal a pretexto de um pretenso igualitarismo que tira a todos para dar ao Estado, livres de escolher os seus governantes sem que minorias ressaibiadas procurem ganhar nas ruas o voto de confiança que o povo lhes recusou nas urnas.
O 25 de Abril não se fez para ser refém de uma associação de militares ou de um conjunto de políticos. Fez-se para que, quando 2,3 milhões de Portugueses votam num Governo, a legitimidade desse Governo seja aceite e reconhecida por todos, mesmo pelos que têm diferenças programáticas com a coligação que sustenta o Executivo.
Já sabíamos que a extrema-esquerda sempre teve uma relação difícil com a democracia. O próprio Álvaro Cunhal corroborou esse facto ao afirmar, numa célebre entrevista ao L'Europpeo "As eleições não me interessam nada!" Para os marxistas, como para Salazar, sempre foi mais fácil - e mais cómodo - medir o apoio popular em manifestações do que em actos eleitorais. Não é, portanto, de estranhar, que o aparelho do Bloco e os sindicatos do PCP tenham procurado monopolizar a manifestação de comemoração da Revolução. O que é, indubitavelmente, peculiar é que esse protagonismo tenha sido disputado pelos jovens do PS que, aparentemente, lideraram a marcha transportando uma faixa na qual se podia ler "Somos todos Gregos". O PS, que fez a dívida pública disparar para os 111% do PIB para alimentar o gigantismo do Estado e o assistencialismo e obrigou Portugal a recorrer à ajuda externa, sugere agora ao Governo que não cumpra o memorando que o próprio PS negociou e assinou, em nome de Portugal.
Não, não somos Gregos. Somos Portugueses e continuamos tão empenhados e comprometidos com a Liberdade como na madrugada que despontou há 38 anos. Foi por isso que votámos massivamente nos partidos que afirmavam querer cumprir o Memorando e é por isso que continuamos a querer cumpri-lo. Para nos libertarmos das amarras da dívida e das mordaças do défice. Ontem, como hoje, o Povo unido jamais será vencido.