Quem me conhece sabe que há muito ponho em causa o modelo de sindicalismo que vigora no mundo ocidental. Não porque questione a importância da sua criação, não porque negue a sua relevância na longa e esforçada luta pelo respeito pelos direitos laborais, mas porque duvido da legitimidade dos propósitos que, actualmente, movem os sindicatos.
A verdade é que, sempre que vejo um sindicalista de megafone em punho a papaguear os pontos programáticos que o PCP viu rejeitados nas eleições anteriores ou a procurar validar nas ruas uma agenda política que os cidadãos recusaram nas urnas, não consigo evitar interrogar-me acerca da utilidade deste modelo sindical. Cada vez mais os sindicatos se assemelham a uma oligarquia subvencionada empenhada na manipulação do sofrimento alheio, resoluta na realização de manifestações esgotadas na forma e vazias no sentido e comprometida com a perpetuação de uma luta de classes que, além de falaciosa, está cada vez mais obsoleta. Em suma, os sindicatos oferecem hoje uma triste imagem do que já foram, um conjunto de sanguessugas mais dependentes dos frutos do trabalho dos seus membros do que estes da inutilidade da sua intervenção.
Mas até a barulheira que os sindicatos fazem se está a tornar cada vez mais insuportável, à medida que os seus responsáveis se comprometem mais com a demagogia, se ancoram mais no populismo e mostram uma veemência quase esquizofrénica na recusa de qualquer solução minimamente responsável.
Foi assim em França há dois anos, quando Sarkozy, confrontado com um aumento substancial da Esperança Média de Vida, procurou aumentar em dois anos a idade da reforma e a CGT parou o país, causando prejuízos de milhões de euros, foi assim no Reino Unido, quando, no mesmo ano, Cameron procurou resolver o enorme buraco nas contas públicas legado pelo executivo trabalhista através de uma reforma das propinas universitárias, tem sido assim na Grécia, onde a inflexibilidade dos sindicatos tem travado as medidas de austeridade e condenado o país à ruína.
Também no Wisconsin, o Governador Scott Walker, empossado em Janeiro do ano passado, viu as suas políticas de combate ao défice ferozmente combatidas pelos sindicatos da Função Pública que, por meio de greves, manifestações e uma ocupação do Congresso estadual, conseguiram destituir Walker e impor uma nova eleição.
Scott Walker, reeleito Governador do Wisconsin no passado 5 de Junho.
Aparentemente, os sindicatos do mundo ocidental comungam de uma peculiar concepção de democracia, na qual é legítimo procurar travar nas ruas reformas aprovadas nas urnas e, em limite, destituir governantes eleitos pelos cidadãos. No Wisconsin, há três dias, os cidadãos mostraram aos sindicatos qual é a sua concepção de democracia, ao reelegerem Scott Walker com uma margem  superior em 200,000 votos àquela com que o Governador foi eleito no ano passado. É tempo de os Portugueses aprenderem a lição do Wisconsin, rejeitarem a chantagem e a irresponsabilidade populista dos sindicatos e tomarem nas suas mãos  o poder de decisão sobre o seu futuro.